Valor Econômico: Ser Educacional vende carteira de crédito estudantil à gestora Pravaler por até R$ 80 milhões
Em: 20 Março 2023 | Fonte: Valor Econômico
A carteira, conhecida como Educred, é formada por cerca de 5 mil alunos de cursos presenciais, com expectativa de gerar receita de R$ 150 milhões em 2026
A Ser Educacional vendeu por até R$ 80 milhões sua carteira de crédito universitário à gestora Pravaler, a maior empresa desse mercado que tem sob sua gestão R$ 1,5 bilhão em financiamentos estudantis.
Com a transação, a Ser se desfaz de um ativo que não é seu “core business” num momento em que a ordem no setor é preservar caixa. A Pravaler passa a mirar aquisições de carteiras de faculdades com financiamento próprio e, com isso, intensifica também seu negócio principal.
“Decidimos vender porque essa carteira cresceu muito e preferimos passar para quem sabe gerir, tem olhar especializado. A companhia também não tem como continuar colocando dinheiro no negócio”, disse João Aguiar, diretor financeiro da Ser Educacional. Do valor total da transação, R$ 70 milhões já foram pagos e a diferença depende do nível de renovação de matrículas no atual processo seletivo que vai até abril.
Muitas instituições de ensino passaram a oferecer crédito universitário próprio, a partir de 2015, quando o Fies reduziu drasticamente de tamanho. No entanto, com o passar dos anos, muitas escolas foram recuando dessa estratégia devido à dificuldade de conceder empréstimos de longo prazo e mensurar risco. As faculdades optaram a oferecer descontos na mensalidade ao invés de financiamentos.
A Ser também recuou na concessão dos créditos, mas voltou a dar financiamento de até 80% da mensalidade durante a pandemia, período em que houve uma forte redução e desistência no número de alunos de cursos presenciais — o que fez aumentar o tamanho da carteira e gerou interesse da Pravaler. “Durante a pandemia, voltamos a conceder mais crédito aos alunos, em especial, para a retenção de alunos na rematrícula”, disse Aguiar.
Essa é a maior aquisição de carteira fechada pela Pravaler, que agora está analisando ativos semelhantes. Entre 2002 e 2006, a empresa fez aquisições de carteiras que somaram R$ 300 milhões. No entanto, segundo Rafael Baddini, diretor de projetos (CPO) da gestora, apesar do interesse em promover novas aquisições, não há muitas opções de ativos de mesmo porte da Ser Educacional disponíveis.
A carteira de financiamento da Ser, conhecida como Educred, é formada por cerca de 5 mil alunos de cursos presenciais. A receita esperada dessa carteira em 2026 é de R$ 150 milhões. Segundo Aguiar, a taxa de inadimplência é semelhante à da Pravaler, cuja régua de exigências é mais elevada.
Os recursos para pagamento da carteira da Ser vieram de uma emissão de R$ 270 milhões em Fidcs (fundo de investimento em direitos creditórios), captado com o banco BV. “Temos uma parceria de longa data com o BV e conseguimos fechar uma captação interessante, com spread de menos de 3%, muito diferente do que está essa loucura no mercado”, disse Haroldo Carvalho, diretor financeiro da Pravaler, cujo principal acionista é o Itaú. A gestora tem um faturamento de R$ 270 milhões.
Segundo Baddini, os recursos de nova captação também vão financiar os novos alunos desse semestre. Ele informou que o volume de matrículas no presencial deve superar o desempenho de 2022. A companhia já concedeu crédito estudantil para cerca de 300 mil alunos movimentando R$ 8 bilhões desde a sua fundação, em 2001.